12 de dezembro de 2016

Proteu -

Ergo a vista ao profundo céu agora
onde no ar digladiam mil brancas hostes,
retrato do que és e do que foste,
erguendo as mãos ao sangue das auroras.

Não somos mais os mesmos, os de outrora
(resta-nos a canção a confundir
o silêncio das coisas no porvir),
o vento leva as nuvens sem demora.

Quando os anjos da morte ressoarem
as pútridas cornetas pelos ares
e em teu batel vagares mansamente

o cintilante dorso da onda ausente,
contempla a natureza e te desfaz,
mudaste sempre, sempre mudarás.